quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Apresentação



Este blog, criado por Cynthia Haddad, Juliane Fernandes e Zaira Andressa, é destinado a disciplina de bioestatística do curso de Enfermagem e Obstetrícia da Escola de Enfermagem Anna Nery (UFRJ), ministrada pelo professor Luis Paulo Vieira Braga, que possui como objetivo comparar dados estatísticos referentes a estigma, discriminação e HIV/Aids no contexto brasileiro, 1998 e 2005.

Métodos


 Os dados aqui referidos correspondem aos achados da pesquisa "Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira Sobre HIV/Aids", realizada em 2005, e comparado com pesquisa similar realizada em 1998. O levantamento de 1998 cobriu 24 estados brasileiros (exceto Tocantins e Roraima) e o Distrito Federal, totalizando amostra de 3.600 pessoas que responderam a um questionário de 204 perguntas.
Em 2005 foi realizado o segundo levantamento. Foram estabelecidos quatro estratos geográficos, correspondendo a agrupamento de estados, por regiões: Norte e Nordeste; Centro-Oeste e Sudeste, exceto São Paulo; Sul; e estado de São Paulo. A população-alvo da pesquisa consistiu de todos os moradores, com idade entre 16 e 65 anos, de áreas urbanas das microrregiões que em 2000 possuíam mais de 100.000 habitantes em sua zona urbana.
Utilizou-se amostragem estratificada, cujo tamanho da amostra foi definido em 5.040 entrevistas, com 1.260 domicílios sorteados em cada um dos quatro grandes grupos regionais. Para cada indivíduo sorteado no domicílio aplicou-se um questionário contendo 237 perguntas distribuídas em 13 blocos. Foram aplicadas 13 questões abordando comportamentos associados ao preconceito e à discriminação pelo HIV/Aids.

Além da pesquisa "Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira Sobre HIV/Aids" foi usado índices sobre incidência nos sexos e regiões do mundo e do país, transmissão,epidemiologia e mortalidade.


HIV Vs. AIDS


A Aids é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, como também é chamada, é causada pelo HIV.
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os Linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.

AIDS no Mundo


A prevalência de AIDS no mundo como mostra o gráfico, se destaca na África Subsaariana. Pode-se mencionar como uma explicação plausível para essa alta taxa, a pobreza que gera a escassez de recursos associada à falta de informação e a forte influência cultural.  


AIDS no Brasil

Incidência de AIDS no Brasil por região

Panorama estatístico da prevalência de AIDS no Brasil por Sexo

Incidência de AIDS no Sexo Masculino

Incidência de AIDS no Sexo Feminino


Nos gráficos acima nota-se que a taxa de incidência no sexo masculino é maior que no sexo feminino, independente do ano e da idade.

Transmissão




















Os principais meios de transmissão da AIDS são através de relações sexuais, compartilhamento de seringas, transfusões sanguíneas e transmissão vertical (de mãe para filho) que pode ser na hora do parto ou no aleitamento materno.
O gráfico mostra que o maior índice de transmissão é por via sexual, tendo destaque maior nas mulheres. Tendo nos homens um número significativo de transmissão por drogas injetáveis (compartilhamento de seringas contaminadas).  

Mortes por AIDS no Brasil

Entre 1980 e 2008, foram notificadas 217 mil mortes por Aids no país. Desse total, a maior parte dos óbitos se concentra na região Sudeste, com 66%.

AIDS e a discriminação

O estigma e a discriminação associados ao HIV/Aids podem reduzir/dificultar a procura pela realização do teste, devido ao receio do resultado, bem como a busca de tratamento adequado nos serviços de saúde após a condição sorológica positiva revelada.
No Brasil, os inquéritos populacionais têm permitido avaliar algumas das opiniões discriminatórias em relação ao HIV e a magnitude desse problema.
Ao longo da história, outras doenças têm sido estigmatizadas, tais como a peste negra  e a cólera. Entretanto, a natureza da epidemia da Aids, sua dinâmica, abrangência, características específicas e questões morais envolvidas impõem desafios para o campo do conhecimento e da intervenção, exigindo respostas rápidas e adequadas de impacto efetivo no desenho de estratégias de combate ao estigma e suas conseqüências.
                                                  
Os estigmas pré-existentes estabelecem associação da Aids com homossexualidade, prostituição e desvio sexual, marcadores ainda atuantes no processo de estigmatização.




Variáveis dependentes comparáveis entre 1998 e 2005



A partir dos itens contidos na tabela foi estabelecido um escore de discriminação. A construção do índice de intenção de discriminação (IID) consistiu em atribuir pontuação 1 para as respostas consideradas discriminatórias e 0 para as não discriminatórias. Os indivíduos que responderam "Não sabe" ou recusas, foram excluídos do estudo. Foram considerados como discriminatórias as respostas "Sim" ou "Concordo totalmente/concordo em parte" nas questões 1 a 11. Para as questões 12 a 13 foram consideradas discriminatórias as respostas "Não" ou "Discorda em parte/discorda totalmente".

Distribuição das variáveis dependentes, Brasil, 1998 e 2005




























































































Observa-se uma redução significante no percentual de pessoas que, entre 1998 e 2005, responderam "sim" à obrigatoriedade do teste da Aids para: admissão no emprego, antes do casamento, entrada no exército/forças armadas, usuários de drogas, entrada de estrangeiros no país e profissionais do sexo. Por outro lado, não foram encontradas mudanças no padrão de respostas entre 1998 e 2005 para situações como: antes de internação em hospitais e de mulheres grávidas.

Tabela 3












Observamos uma redução dos escores de 2005 em relação a 1998.
 

Tabela 4






































Pode-se observar queda nas médias dos índices entre 1998 e 2005, exceto entre os separados/divorciados, viúvos e pessoas que não sabem ler nem escrever.
Na edição da pesquisa em 1998, não havia diferenças entre as médias do índice de intenção de discriminação independentemente de ter religião ou qual o tipo. Diferentemente, nos achados da pesquisa 2005 os pentecostais apresentaram médias superiores à dos praticantes de outra religião ou daqueles sem religião. No que se refere à escolaridade, tanto em 1998 como em 2005 foram observados uma queda gradativa nos escores médios de IID.
Com relação ao estado conjugal em 1998, apenas os solteiros apresentaram padrões distintos dos demais com a menor média de IID. Em 2005, os viúvos apresentaram as maiores médias de IID, seguidos pelos separados/divorciados, casados/unidos/moram juntos, e menores valores entre os solteiros.
Analisando-se o escore por faixa etária, observou-se em 1998 que o grupo etário 16-34 apresentou médias de IID inferiores ao grupo etário 35 anos e mais. Em 2005, os indivíduos na faixa etária 16-24 anos apresentaram médias inferiores às de outras faixas etárias, que apresentaram padrões similares.
Em 1998, as pessoas das regiões Norte/Nordeste apresentaram médias de IID superiores às pessoas que residiam no Sul. Em 2005, verificou-se situação semelhante entre essas duas regiões além de ser observada diferença entre São Paulo e região Norte/Nordeste.

Tabela 5



Com relação às respostas aos itens "Você já fez teste para o HIV na sua vida" e "Você conhece/ conheceu pessoalmente alguém que tenha o vírus da Aids?", observa-se redução nas médias do escore de IID entre os dois períodos de análise tanto para as respostas "Sim" como "Não".
Pode-se verificar que as pessoas que declararam em 2005 ter realizado o teste anti-HIV alguma vez na vida apresentaram média de índice de intenção de discriminação menor do que a daqueles que nunca fizeram o teste. Em 1998, não foram detectadas diferenças entre estes dois grupos.
Em relação à pergunta "Você conhece/ conheceu pessoalmente alguém que tenha o vírus da Aids?", em 1998, as pessoas que responderam positivamente apresentaram média inferior à das que responderam "não". Entretanto, em 2005 não houve diferença entre os dois grupos.
Por outro lado, para a pergunta "Se você (ou sua esposa ou mulher) estivesse grávida e os testes apontassem que você (ela) tem o vírus da Aids, qual das seguintes atitudes você tomaria? (a aconselharia tomar?)" não foram detectadas diferenças nas médias entre 1998 e 2005 das seguintes respostas "Abortaria", "Abortaria e faria laqueadura depois do parto" e "Consultaria um médico sobre fazer laqueadura"; nas demais respostas verificou-se queda da média do IID. Nesta mesma pergunta, ao serem agrupadas as respostas em "Decide" (Deixaria a gravidez continuar; Deixaria continuar e faria laqueadura depois do parto; Abortaria; Abortaria e faria laqueadura depois do aborto) e "Não Decide" (Consultaria médico para abortar ou laquear) não se observaram diferenças de nível de intenção tanto em 1998 como em 2005.
Pode-se verificar que em 1998 para a questão "Você concorda que as mulheres grávidas com vírus da Aids deveriam fazer aborto?" que a média de IID daqueles que responderam positivamente foi superior à daqueles que responderam "não". Da mesma forma, em 2005, verificou-se que as pessoas que responderam "sim" apresentaram média de IID superior ao que responderam negativamente. Entretanto, observou-se queda no IID médio entre os dois períodos tanto para os que responderam "Sim" como aqueles que responderam negativamente.
Observou-se forte assimetria na distribuição do IID, sugerindo inadequação da utilização de um modelo de regressão linear para estabelecer associação entre o IID e as variáveis independentes, reforçado pelo fato deste escore assumir apenas valores discretos no intervalo de 0 a 9.

Considerações


O estudo utilizado para apresentação dos dados foi o pioneiro na base populacional nacional que documenta e relaciona opiniões de caráter discriminatório em relação aos portadores do HIV, fornecendo dados com implicações para as políticas públicas no combate ao estigma e à discriminação contra portadores do HIV, sintomáticos ou não.
Intervenções e ações no âmbito do Estado no período 1998-2005 podem ter tido impacto na redução da discriminação, no que se refere ao volume e qualidade de informações veiculadas, além da exposição na mídia de pessoas infectadas pelo vírus do HIV.

Saiba Mais

Boletim Epidemiológico 2010


Data de Publicação: 01/12/2010               
Descrição: Versão preliminar dos dados epidemiológicos de DST, HIV/aids.
O Dia Mundial de Luta contra a Aids foi criado para relembrar o combate à doença e despertar nas pessoas a consciência da necessidade da prevenção, aumentar a compreensão sobre a síndrome e reforçar a tolerância e a compaixão às pessoas infectadas.
Foi a Assembléia Mundial de Saúde, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), que instituiu a data de 1º de dezembro. A decisão foi tomada em outubro de 1987. No Brasil, a data passou a ser comemorada a partir de 1988, por decisão do Ministro da Saúde.
A cada ano, diferentes temas são abordados, destacando importantes questões relacionadas à doença. “A aids não tem preconceito. Você também não deve ter" é o slogan da campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids 2010, lançada em 1º de dezembro, em Brasília (DF). Voltada para jovens de 15 a 24 anos, a campanha buscou desconstruir o preconceito sobre as pessoas vivendo com HIV/aids e conscientizar esses jovens sobre comportamentos seguros de prevenção.

Bibliografia


Estadão. A Aids no Brasil e no Mundo. Disponível em: http://www.estadao.com.br/especiais/a-aids-no-brasil-e-no-mundo,110440.htm. Acesso em 9 dez. 2010.

GARCIA, Sandra; KOYAMA, M. A. H. Estigma, discriminação e HIV/Aids no contexto brasileiro, 1998 e 2005. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, 2008.

Ministério da Saúde. Números da Aids no Brasil. Disponível em: http://www.sistemas.aids.gov.br/forumprevencao_final/index.php?q=numeros-da-aids-no-brasil. Acesso em 8 de dez. 2010.

Ministério da Saúde. O que é HIV. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-e-hiv. Acesso em 8 de dez. 2010

Ministério da Saúde. O que é Aids. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-e-aids. Acesso em 8 de dez. 2010.